Um dia pegas-me na mão e levas-me. Levas-me para lugar nenhum, levas-me sem destino. Levas-me contigo, só, sem mais nada. Um dia deixamos tudo e fugimos juntos.
Um dia andamos, andamos, andamos por aí. E rimo-nos. Como se nada mais existisse além de nós e da nossa presença. Um dia perdemos a timidez e dançamos no meio da rua, descalços e sem música. Dançamos ao nosso som; eu fecho os olhos e tu conduzes-me. E fazes-me rodopiar, em bicos de pés, para te acompanhar. E agarras-me.
Um dia devoro-te as palavras. Um dia interrompo-te, para te dizer que gosto de ti. Noutro dia deixo-te falar e presto a máxima atenção. Um dia vais para falar e eu calo-te com um beijo; noutro dia confundo-te com um a meio de uma frase. Um dia deixo-te sem saberes o que dizer.
Um dia ficamos à chuva, no jardim, parados, a sentir as gotas. Outro dia ficamos à sombra a refrescar do sol quente. Um dia o mar será só nosso. E o céu. Um dia mergulhamos no mar de noite e voamos de dia. Um dia enrolamo-nos com a areia nas ondas da praia ao sabor do vento, do sol e do sal.
Um dia abraças-me e não me largas. Um dia ficas comigo depois da hora de ir embora, e não vais. Um dia hás-de não ir embora, e ficar. Um dia as nossas chaves entrarão na mesma fechadura. E aí o que é teu será teu, o que é meu será meu, mas o que é nosso será junto.
Um dia hás-de cumprir tudo o que prometeste: todos os locais e os momentos e o tempo e os beijos e a vida. Um dia serás como sempre quiseste ser. Um dia dirás tudo o que deixaste por dizer. O que dizes não será só o que dizes, mas será o que fazes.
E seremos felizes juntos, como sempre o quiseste. Como sempre o disseste.
um dia seremos o que sempre quis. Serei feliz contigo.